terça-feira, 7 de outubro de 2008

'Cadê o FMI?', ironiza Lula ao criticar EUA e Europa


O presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez ironia com a postura recuada do FMI (Fundo Monetário Internacional) diante da crise de Wall Street. ''Quando era o Brasil ou a Argentina que apresentava uma crise, o FMI sempre dava palpite e ditava o que fazer ou não fazer. Agora, cadê o FMI?'', indagou. Lula ressaltou que se a crise chegar ao Brasil, ''chega mais leve'', ao lançar em Angra dos Reis um programa de R$ 10 bilhões para investimento na indústria naval.


Lula acusou os EUA de terem feito a ''farra do boi'' com o dinheiro público. ''O trabalhador sabe que se fizer a farra do boi com seu salário, quem vai pagar é o seu filho. E a gente não deve governar um país, mas cuidar de um país, como se cuida de uma família, sabendo que quem vai sofrer as conseqüências são os nossos filhos'', disse.

Conforme o presidente, tanto os EUA quanto a Europa ''fingiram que não têm crise''. ''Eles são iguais àquelas pessoas que não gostam de pobre. Vão para a reunião do G8, querem falar da Amazônia, mas não falam de crise''.


''Se chegar, chega mais leve''


O presidente disse esperar que o ''pacote americano ajude a resolver o problema deles''. ''Mas pelo amor de Deus, agora que deixamos de comer o pão que o diabo amassou e começamos a comer um pãozinho com mortadela, eles que não venham querer se socializar com a gente. Este tipo de socialismo não queremos. Queremos socializar a bonança e não a miséria'', comentou.

''Esta é a primeira vez que um governo não precisa explicar ao povo que a crise é internacional e não local. Todos estão cansados de ouvir isso. Mas muitos acham que é prepotência minha dizer que esta crise não chega ao Brasil. Digo e insisto: se chegar, chega mais leve, mesmo que haja quem esteja torcendo para ela chegar logo e causar estragos'', considerou o presidente.


EUA são ''cigarra'' e Brasil ''formiga''


Lula falou de um palanque montado em meio ao estaleiro Brasfels, onde foi batizada a plataforma P-51 da Petrobras. A platéia de 3 mil pessoas tinha uma maciça maioria de operários metalúrgicos – antiga base de apoio do presidente. Foi no mesmo estaleiro de Angra que Lula gravou o seu primeiro programa de TV para a campanha que o elegeu em 2002; na ocasião, prometeu que a Petrobras passaria a encomendar aqui e não no exterior as suas plataformas petrolíferas.

''Todo mundo sabe que o que está acontecendo se deve à especulação financeira que começou nos Estados Unidos. Eles brincaram com a economia mundial e, na hora que a porca entorta o rabo, sobra pra nós'', disse Lula, para lembrar em seguida que ''desta vez será diferente'', porque o país fez como ''na história da cigarra e da formiga: enquanto eles cantavam, a gente trabalhava''. A citação foi feita com relação ao fato de o Brasil ter se transformado em credor externo (com reservas superiores a sua dívida internacional), enquanto os EUA se tornaram o país mais endividado do planeta.


''Até agora estamos em pé''


''A crise americana é muito profunda. talvez seja a maior crise nos últimos 50 anos. Só teve igual a esta em 1929. E ela está chegando na Europa, porque os bancos europeus participaram do cassino imobiliário dos EUA'', disse o presidente
Para Lula, os ''rombos'' atuais na economia sao bem maiores que os das crises do México, Ásia e Rússia, na década passada, que ficaram em torno de US$ 50 bilhões; mesmo assim o Brasil ''quase quebra'', lembrou ele. ''Mas nesta, nos EUA, o rombo já é de US$ 1 trilhão, só lá. A mágoa deles e de alguns aqui dentro é de que o Brasil não quebrou. Eu não estou dizendo que não teremos dificuldades, mas que até agora estamos em pé'', disse o presidente, em uma comparação implícita com seu antecessor, Fernando Henrique Vardoso, que culpa fatores externos pelo mau desempenho da economia brasileira durante seus oito anos de governo (1995-2002).


''Não haverá nenhum pacote''


Lula foi enfático ao afirmar que a atual crise econômica mundial não levará o governo a lançar um pacote econômico. ''Não haverá nenhum pacote econômico'', disse. ''Todas as vezes em que houve um pacote econômico no Brasil, o trabalhador é que foi prejudicado'', agregou.

O presidente ressaltou porém que foram tomadas medidas de apoio aos bancos pequenos e aos exportadores. ''Cada medida será tomada conforme ela for exigida no dia-a-dia'', disse.

Lula defendeu que ''ninguém se abale com a crise''. ''''Durante muitas semanas vai se falar em crise no mundo. A bolsa vai subir e vai descer... Não se abalem, porque esse país se encontrou com seu destino e não há nada no mundo que vai fazer com que reapareçam o desemprego, a miséria e o abandono. A crise gera especulação, gera desconfiança e depois cidadão fala que não vai gastar seu dinheiro e vai guardar. Peço a vocês que não façam isso, e continuem fazendo a mesma coisa que estavam fazendo.''


Fonte: Vermelho.org

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