Complexo já custou quase R$ 600 milhões aos cofres públicos
Os auditores querem mais tempo para concluir a auditoria e dar uma palavra final. Mas na primeira avaliação eles já dizem que vai ser preciso, pelo menos, mais R$ 150 milhões para concluir a obra. E o tempo da obra, quando for retomada, é calculado em mais um ano.
O relatório aponta indício de irregularidades e até mesmo de fraudes nos preços de algumas compras e dá exemplos: Um microfone, que no mercado custaria pouco mais de R$ 2 mil, teria sido comprado pela prefeitura por mais de R$ 15 mil. Um amplificador, que valeria no mercado R$ 5,5 mil, teria sido comprado por R$ 30 mil.
No total, somente com a compra de sete tipos de equipamentos de som e vídeo, o superfaturamento teria sido superior a R$ 1,3 milhão.
Mesmo inacabada, a Cidade da Música foi inaugurada no dia 26 de dezembro de 2008 pelo então prefeito do Rio, César Maia. O complexo conta com 90 mil metros quadrados e terá, além das salas de concerto e música de câmara, 13 salas de ensaio e salas de aula, restaurantes, lanchonetes e lojas.
O vereador Eider Dantas, ex-secretário de Obras, disse, em resposta às informações do relatório:
”Tudo o que foi adquirido, foi adquirido dentro da lei, com licitações públicas, com fiscalização do Tribunal de Contas e da Controladoria do município do Rio de Janeiro. Os técnicos da prefeitura que estimaram que seriam necessários R$ 86 milhões pra terminar a obra da prefeitura. Esse dinheiro foi depositado na conta do Riocentro. Para nós, R$ 86 milhões é mais do que suficiente pra terminar a obra da cidade da música".
Cesar Maia afirmou, por e-mail, que o valor de R$ 150 milhões apontado pela auditoria é o que as empresas que fazem as obras querem. E que em quatro meses essa obra poderia ser concluída. Cesar Maia disse ainda que o Tribunal de Contas do município tem auditoria desde o primeiro dia das obras e que conhece os “valores da obra”.
A auditoria foi realizada por técnicos de quatro órgãos da prefeitura. Nas conclusões, eles criticam a falta de licitação e até mesmo erros grosseiros de execução do projeto da Cidade da Música. Os técnicos recomendam ainda que as informações apuradas até agora sejam encaminhadas para o Ministério Público.
Obra polêmica
Uma obra milionária, polêmica e sem utilidade por enquanto. São quase cem mil metros quadrados onde já foram investidos R$ 409 milhões, de acordo com a antiga prefeitura.
A arquitetura é grandiosa, o projeto ambicioso, mas nada funciona. A Cidade da Música começou a ser construída em 2003 e teve várias inaugurações previstas e adiadas.
O custo do projeto também cresceu 500% em relação à estimativa inicial. Em dezembro de 2009, o então prefeito Cesar Maia fez uma grande festa, mas só uma das salas ficou parcialmente pronta: a Grande Sala dos Concertos. No final de março, outras 27 salas estavam inacabadas. Em algumas delas, já havia até infiltrações e o material se deteriorava.
Auditoria será prorrogada
A prefeitura informou, por nota, que nesta quarta-feira (6) será publicado no Diário Oficial um decreto assinado pelo prefeito Eduardo Paes prorrogando por mais quatro meses o trabalho da auditoria.
Os técnicos querem prazo para que novas informações sejam apuradas e para que o prefeito possa decidir quando retoma as obras.
G1
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