terça-feira, 5 de maio de 2009

Relatório diz que gasto com a Cidade da Música será maior

Segundo prefeitura do Rio, obra não poderá ser reinaugurada em 2009.
Complexo já custou quase R$ 600 milhões aos cofres públicos


Um relatório elaborado para investigar os gastos da Cidade da Música, na Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio, revelou que muito mais dinheiro ainda vai ser gasto para a conclusão da obra. Segundo o estudo da prefeitura do Rio, não há chance de o complexo ser reinaugurado ainda em 2009.

Os auditores querem mais tempo para concluir a auditoria e dar uma palavra final. Mas na primeira avaliação eles já dizem que vai ser preciso, pelo menos, mais R$ 150 milhões para concluir a obra. E o tempo da obra, quando for retomada, é calculado em mais um ano.

O relatório aponta indício de irregularidades e até mesmo de fraudes nos preços de algumas compras e dá exemplos: Um microfone, que no mercado custaria pouco mais de R$ 2 mil, teria sido comprado pela prefeitura por mais de R$ 15 mil. Um amplificador, que valeria no mercado R$ 5,5 mil, teria sido comprado por R$ 30 mil.

No total, somente com a compra de sete tipos de equipamentos de som e vídeo, o superfaturamento teria sido superior a R$ 1,3 milhão.

Mesmo inacabada, a Cidade da Música foi inaugurada no dia 26 de dezembro de 2008 pelo então prefeito do Rio, César Maia. O complexo conta com 90 mil metros quadrados e terá, além das salas de concerto e música de câmara, 13 salas de ensaio e salas de aula, restaurantes, lanchonetes e lojas.


Tudo foi adquirido dentro da lei, diz ex-secretário


O vereador Eider Dantas, ex-secretário de Obras, disse, em resposta às informações do relatório:

”Tudo o que foi adquirido, foi adquirido dentro da lei, com licitações públicas, com fiscalização do Tribunal de Contas e da Controladoria do município do Rio de Janeiro. Os técnicos da prefeitura que estimaram que seriam necessários R$ 86 milhões pra terminar a obra da prefeitura. Esse dinheiro foi depositado na conta do Riocentro. Para nós, R$ 86 milhões é mais do que suficiente pra terminar a obra da cidade da música".

Cesar Maia afirmou, por e-mail, que o valor de R$ 150 milhões apontado pela auditoria é o que as empresas que fazem as obras querem. E que em quatro meses essa obra poderia ser concluída. Cesar Maia disse ainda que o Tribunal de Contas do município tem auditoria desde o primeiro dia das obras e que conhece os “valores da obra”.

A auditoria foi realizada por técnicos de quatro órgãos da prefeitura. Nas conclusões, eles criticam a falta de licitação e até mesmo erros grosseiros de execução do projeto da Cidade da Música. Os técnicos recomendam ainda que as informações apuradas até agora sejam encaminhadas para o Ministério Público.

Obra polêmica

Uma obra milionária, polêmica e sem utilidade por enquanto. São quase cem mil metros quadrados onde já foram investidos R$ 409 milhões, de acordo com a antiga prefeitura.

A arquitetura é grandiosa, o projeto ambicioso, mas nada funciona. A Cidade da Música começou a ser construída em 2003 e teve várias inaugurações previstas e adiadas.

O custo do projeto também cresceu 500% em relação à estimativa inicial. Em dezembro de 2009, o então prefeito Cesar Maia fez uma grande festa, mas só uma das salas ficou parcialmente pronta: a Grande Sala dos Concertos. No final de março, outras 27 salas estavam inacabadas. Em algumas delas, já havia até infiltrações e o material se deteriorava.

Auditoria será prorrogada

A prefeitura informou, por nota, que nesta quarta-feira (6) será publicado no Diário Oficial um decreto assinado pelo prefeito Eduardo Paes prorrogando por mais quatro meses o trabalho da auditoria.

Os técnicos querem prazo para que novas informações sejam apuradas e para que o prefeito possa decidir quando retoma as obras.




G1

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