quinta-feira, 23 de abril de 2009

Lula e Cristina contornam diferenças e reforçam laços


Em coletiva após se reunirem em Olivos, Buenos Aires, a residente argentina Cristina Kirchner disse que "ter opiniões diferentes nnao é ter más relações". O brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva sustentou que "cada vez que surge um problema vamos encontrar uma solução". O encontro avançou no planejamento de obras comuns de infraestrutura, como a represa de Garabi, e os dois governantes disseram esperar uma nova relação com os Estados Unidos de Barack Obama.



A hidrelétrica de Garabi é uma das cinco que o governo brasileiro planeja construir em parceria, três com a Argentina e duas com a Bolívia. Com um custo total de R$ 30 bilhões, elas devem gerar 10 mil megawatts, mais que a metade da produção de Itaipu, a maior usina brasileira, em parceria com o Paraguai.


Fábrica reestatizada fornecerá à Embraer


Lula e Cristina chegaram também a um acordo para que a Argentina fabrique e forneça à brasileira Embraer peças de avião numa fábrica militar em Córdoba, a 600 km da fronteira com o Brasil, que está em processo de reestatização.

"Estou feliz com que a Argentina recupere a indústria de aviação" nacional, afirmou Lula em referência à fábrica de Córdoba, que voltará ao controle estatal após ficar uma década nas mãos da americana Lockheed Martin.

A Argentina registrou em 2008 um déficit de US$ 4,344 bilhões com o Brasil. Em março, pela primeira vez em nove meses, a balança comercial favoreceu o lado argentino, porém em um cenário de forte retração do volume do comércio bilateral em consequência da crise global.


"A crise internacional obriga"


Na entrevista, Lula tratou de desinflar as perguntas sobre tensões bilaterais devido às barreiras comerciais criadas pela Argentina para defender o mercado interno de trabalho.

Cristina, por sua vez, negou que a Argentina tenha tomado medidas protecionistas. Ela advertiu que a política de seu governo "nada tem a ver com o protecionismo na relação comercial, mas está voltada a dar resposta às necessidades das empresas e trabalhadores".

"A crise internacional obriga todos os países a disporem de medidas que têm a ver não com a proteção ou o protecionismo como uma deformação do intercâmbio comercial, e sim para dar uma resposta concreta às suas sociedades", disse ela.
Segundo a presidente argentina, o protecionismo "não é apenas uma questão alfandegária". Ela argumentou que "quando um país faz uma desvalorização de sua moeda, está fazendo protecionismo, o mesmo acontecendo quando concede um benefício fiscal a determinado setor".

Este foi o terceiro encontro entre Lula e Cristina Kirchner, que tomou posse há 17 meses, como parte do Mecanismo de Integração e Coordenação Bilateral Brasil-Argentina. O Mecanismo, como é chamado, contempla a execução de obras de infraestrutura e de cooperação para o desenvolvimento de ambos os países. O quarto encontro já está marcado para em Brasília, no dia 18 de novembro.



vermelho.org

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